Claude para iniciantes

Mais um minutinho e a gente começa.

Boa noite! Boa noite, tudo bem, André? Vamos lá, gente. São 8 e 5, vamos começando. Obrigada por vocês virem hoje me ver falar sobre o Claude junto com o Rave, que, como eu já sinalizei anteriormente, é meu gato que mais entende de inteligência artificial.

Eu quero saber, antes de começar, como todos aqui já têm a sua jornada com inteligência artificial: quem aí já usou o Claude? Podem responder nos comentários. Pode ter sido só uma vez, "ah, eu já testei". Não precisa ser melhor amigo do Claude. Alguém já usou? Ninguém usou o Claude?

A Renata falou que o Claude é melhor que o GPT. Renata não usou, Mariana não usou, Rafa não usou. Legal, vamos ver se a Renata está certa. Depois vou perguntar para a Renata para ver se ela concorda com a minha visão sobre como o Claude é melhor que o GPT e em quais pontos ele é melhor ou não.

Então hoje a gente vai falar do Claude. O Claude é essa inteligência artificial que está sendo super aclamada, está todo mundo falando dela, inclusive muitas pessoas têm pareceres semelhantes ao da Renata, falando “pô, essa tecnologia, esse chatbot é melhor que o GPT”. O que a gente vai conferir hoje é, pelo menos na nossa visão aqui do CR_IA, se de fato isso é verdade.

Mas o que é esse chatbot? Para que ele serve? Por que eu estou dizendo isso dele? O que não é verdade? Bom, vamos ver aqui as principais coisas introdutórias que a gente tem que saber sobre o Claude.

O Claude é um chatbot, um modelo amplo de linguagem, um LLM, que funciona de forma muito parecida com o ChatGPT. É uma inteligência artificial multimodal generalista, criada pela Anthropic. E a Anthropic é uma espécie de spin-off – são funcionários da OpenAI que decidiram sair da OpenAI ali em 2021 e abrir sua própria empresa. A gente vai entender mais sobre o porquê disso, porque tem uma razão.

O Claude é uma ferramenta que tem uma versão gratuita, uma versão paga e uma versão para times, bem parecida com o ChatGPT, com os mesmos preços, inclusive. A diferença está no limite de uso, que é bem baixo na versão gratuita, e bem maior na versão paga. Não há diferença de token.

Como assim, Ana? Não tem diferença de token, mas tem diferença de limite de uso. Primeiro, vou retomar a explicação do que é token – a gente vai falar de tokens mais para frente, mas para quem não lembra, tokens são as unidades que a inteligência artificial utiliza para guardar uma espécie de memória ou janela de contexto para interagir com você. Cada ferramenta tem seu limite de tokens e, depois de passar esse limite, ela começa a esquecer o que você falou, as instruções precisam ser reforçadas.

O limite de tokens do Claude é maior do que o limite do ChatGPT, ou seja, ele se lembra de mais coisas, é mais hábil e mais preciso em acompanhar instruções dentro de uma janela de contexto. Mas ele tem um limite de perguntas menor, que é o limite de uso diário, a quantidade de prompts que você pode enviar por dia.

Qual é o limite de uso? Eu tentei descobrir junto à Anthropic e a resposta deles é: depende. Eles modulam de acordo com a ferramenta que está sendo muito usada ou está sobrecarregada, não há um número fixo. O limite da versão gratuita é bem menor que o da versão paga, mas pode variar: hoje pode ser 10 prompts, amanhã pode ser 2, dependendo da demanda e sobrecarga da ferramenta. Isso é importante.

Voltando para a precificação, é idêntica à do GPT, claramente para concorrer. Existe um limite diário de uso, como falei.

Uma coisa que o Claude já tem de partida e o OpenAI demorou a lançar é o Zeps Mobile, ou seja, aplicativo para iOS, para você usar no celular e ter mais tokens disponíveis.

Vamos olhar um pouco essa visão do limite de tokens juntos. Esse mapinha mostra um exemplo da janela de contexto do Claude nos modelos 3 e 3.5, que são os mais avançados do Claude, comparado com o GPT-4 e o GPT-4 Turbo. A janela de contexto do GPT-4 está em cerca de 7 mil tokens, enquanto a do Claude é o dobro. Isso significa que a memória de conversa do Claude tem o dobro de capacidade de armazenamento na troca.

Então, quando a gente fala de trabalhar com processamento de documentos ou planejamento, o Claude vai se lembrar melhor das instruções naquela troca do que o GPT. A gente pode tirar proveito disso. Vou falar um pouco mais das forças e fraquezas dessa janela de contexto maior.

A Renata comentou que o Claude é muito melhor, os resultados são bem melhores. A maioria das pessoas obtém, de fato, uma experiência melhor com o Claude, começando pela janela de contexto, mas não é só isso que o Claude pode ser melhor que o GPT-4.

O Claude tem associado a ele uma preocupação maior com relações éticas e segurança de uso. O GPT já é uma ferramenta que tenta seguir algumas premissas éticas conectadas a direitos humanos, embora às vezes seja possível contorná-lo (com jailbreak). Toda inteligência artificial pode ser contornada, com mais ou menos dificuldade.

A Anthropic, criadora do Claude, é formada por dissidentes da OpenAI que acreditavam que a OpenAI estava abrindo mão demais das suas premissas éticas para o desenvolvimento da inteligência artificial. Portanto, o Claude tem uma constituição, ou seja, a equipe do Claude tem um apego maior aos princípios éticos que norteiam o treinamento da ferramenta. Eles chamam o Claude de “constitutional AI”.

Na verdade, o GPT também é uma constitutional AI, mas a Anthropic meio que conceitualizou esse termo. A ideia é que, além do treinamento, a AI se valida em princípios constitucionais e refina suas respostas a partir desses princípios. A constituição atual do Claude é balizada por fontes como a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, boas práticas de segurança e confiança, e outros princípios propostos por laboratórios de pesquisa, focados em segurança de uso e da sociedade.

É um esforço ativo para controlar perspectivas não ocidentais, ou seja, para equilibrar os vieses políticos e culturais, pois a maioria dos treinamentos é feita com insumos ocidentais, predominantemente da Europa e Estados Unidos, ou Norte Global. Aqui faz-se uma distinção importante: embora o Brasil e a América Latina estejam geograficamente no Ocidente, eles não fazem parte do Ocidente geopolítico. Portanto, a constituição da Anthropic tenta equilibrar essa visão para capturar perspectivas que não sejam tão centradas no Ocidente geopolítico.

Essa é uma diferença em relação à OpenAI, que não necessariamente adota essa transparência e essa construção de uma constituição mais plural. O Claude parte de outras perspectivas e tem essa visão ética do uso da IA para o bem maior da sociedade, por mais que esse termo seja um pouco abstrato.

O Claude pode ser conectado a outras aplicações via API, que não é gratuita, assim como a do GPT.

Os benchmarks que o Claude bate são equivalentes aos do GPT.

Como assim benchmarks? São testes que comparam o desempenho das AI em exames ou provas, como os exames nos Estados Unidos, vestibulares ou concursos. É uma forma de medir inteligência, capacidade, e potência dos modelos. Apesar disso, muitos especialistas criticam o uso exclusivo desses benchmarks, porque é fácil treinar um modelo para ser muito bom nesses testes específicos, mas não necessariamente no restante das tarefas.

Então, benchmark é uma referência importante, mas a avaliação deve ser feita pelo uso concreto da ferramenta.

O Claude é uma empresa que está crescendo, mas ainda não é do tamanho da OpenAI, que tem bancos de dados de treinamento muito maiores e uma penetração muito maior no mercado com o ChatGPT. Isso traz vantagens para o GPT, especialmente no uso em português, porque o GPT tem mais insumos em português na sua base de dados e no uso diário, enquanto o Claude chegou ao Brasil recentemente, com penetração mais baixa.

A minha percepção empírica é que o Claude é melhor em inglês do que em português, enquanto o GPT é mais equilibrado entre os dois idiomas.

Isso não significa que usar o Claude em português vai ser ruim, mas provavelmente será menos eficaz que em inglês, a menos que o contexto seja especifico do Brasil, aí é bom usar português, claro.

Vale sempre a regra: se na internet há mais conteúdo de qualidade sobre o tema em inglês, use o prompt em inglês; se for em português, use em português. Isso vale para qualquer modelo.

Vamos à batalha do século: ChatGPT versus Claude. Aqui sou cuidadosa porque não existe uma resposta definitiva de qual é melhor — como quase tudo na vida, a resposta é "depende".

Vou colocar aqui os principais pontos do Claude com base no meu uso e avaliações de fóruns e do CR_IA:

• O Claude é normalmente mais rápido que o GPT. A diferença é fração de segundo, mas às vezes o GPT dá travadas em fluxos longos enquanto o Claude mantém o ritmo.
• O Claude é mais criativo — especialmente em escrita criativa. Ele produz textos menos clichês, mais humanos, variados e com estruturas menos repetitivas, enquanto o GPT tende a ser mais uniforme e baseado em fórmulas pré-feitas.
• O Claude pode cometer erros de ortografia, o que o GPT raramente faz. Por exemplo, erra a palavra "atrás" escrita com "z" em vez de "s".
• Um teste prático mostra que o Claude gera textos humorísticos e criativos que eu prefiro, enquanto o GPT às vezes falha até para começar a responder.

Em programação, o Claude é considerado melhor. Eu sou programadora e uso o Claude em alguns códigos. Desenvolvedores deram feedback positivo sobre o Claude, especialmente por ele renderizar fórmulas matemáticas com Latex e ser mais preciso em operações lógicas.

Vou mostrar uma funcionalidade do Claude, o Artifacts: é um recurso que exibe a tela dividida, com o prompt à esquerda e a resposta do Claude à direita, permitindo acompanhar e refinar o que está sendo gerado. Isso é muito útil para organizar informações, especialmente com programação ou gráficos.

Por exemplo, pedi para criar um quiz interativo para meu gato responder sobre a natureza do meu trabalho com treinamento em material generativo. Ele criou o questionário humorístico, gerou o código em Breedit (uma variação de JavaScript) e também o plugin PHP para WordPress, explicando como instalar.

Posso testar o código ao vivo pelo Artifacts, solicitar ajustes, o que torna a interação bem prática.

Comparado ao GPT, que entrega só o código, o Claude oferece essa interatividade única.

Além disso, o Claude gera gráficos a partir de planilhas enviadas, o que é incrível para análise de dados.

Outro recurso são os Projects: você pode subir documentos relacionados a um projeto e trabalhar em grupo na conta corporativa. Não é tão avançado quanto o GPT personalizado, mas é interessante para trabalhos colaborativos.

Por fim, o processamento de informação: a janela maior de tokens do Claude permite analisar documentos extensos com precisão melhor que o GPT em alguns casos. Vale a pena comparar os dois para documentos longos.

Agora, sobre prompt engineering no Claude:

• O Claude tem um Prompt Generator, um gerador de prompts, mas o uso dele requer créditos via API.
• Ele é sensível à linguagem do prompt: se você pedir formal, ele responde formal; se pedir engraçado, ele responde engraçado, se pedir poético, será poético.
• Aceita uso de XML para organizar informações com tags, muito útil para prompts complexos, o que facilita o entendimento e segmentação de conteúdo.
• Permite usar técnicas de prompt como Chain of Thought (cadeia de pensamento) e Role Playing (papel interpretativo), que funcionam como no GPT.

A interface do Artifacts ajuda você a acompanhar os prompts e as respostas lado a lado, facilitando a interação e experimentação, diferente do GPT onde o prompt some no meio da conversa.

O Claude não abre links, não gera imagens (não tem DALL·E), nem tem GPTs personalizados. Ele não conecta a Google Docs como o GPT.

Assim como o GPT, o Claude também pode alucinar, ou seja, gerar informações incorretas, e você precisa checar 100% dos fatos.

Para entender o funcionamento:

• O Google é uma biblioteca onde você pede o livro, vai lá e consulta as informações.
• Um modelo de linguagem é como uma pessoa que já leu todos os livros e conversa com você, mas pode errar datas, números, confundir informações.

Para pesquisa, cheque os dados pessoalmente. Se precisar de precisão, não use chatbot, mas se for exploração, use tranquilo o Claude ou o GPT.

Pontualmente, podemos abrir 5 minutos para dúvidas.

O Rafael perguntou se dá para usar modo roleplay e “matrix”. O modo roleplay é a técnica de prompt conhecida, mas não conheço a técnica “matrix”. Se puder explicar, eu respondo.

Alguém tem mais dúvidas? Sobre isto ou outro tema relacionado a IA? Parece que não.

Então é isso.

Acho que vocês precisam usar o Claude. Basicamente, essa aula foi introdutória, Claude para iniciante. Aqui eu falei coisas que vocês sabem mais do que 99% das pessoas que leram ou pesquisaram sobre Claude nas últimas semanas.

Tem muita desinformação sobre o Claude, muita clickbait, como “o Claude deu um pau no ChatGPT”. Minha sugestão é que testem e comparem os dois ao executar tarefas, porque às vezes o GPT pega coisas que o Claude não pega e vice-versa. Eu costumo usar os dois e misturar resultados. Para escrita criativa, estou usando mais o Claude.

Obrigada pelo tempo, qualquer dúvida ou coisa que precisarem, estamos no Discord todos os dias ou pelo e-mail e Instagram. Contem para a gente como estão usando o Claude, queremos saber.

Um beijo para vocês e até muito breve, espero!

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