Vocês lembram que antigamente, bem antigamente, lá no começo da internet, todo mundo falava: "Ah, não vamos usar a internet para pesquisas, não vamos usar a Wikipedia para pesquisa, porque não é assim que se faz, eu não sei o quê." Depois a gente aprendeu a usar a internet como pesquisa e hoje não conseguimos pensar num mundo onde a gente não use a internet para pesquisar.
A mesma coisa acontece quando falamos de inteligência artificial. É só aprender algumas regrinhas, mas agora, pessoalmente, não consigo mais imaginar um mundo onde eu pesquise as coisas sem usar inteligência artificial. A própria ideia de pesquisa, como fazemos isso na internet, por mais que não percebamos tanto, mudou muito ao longo dos anos.
Antigamente, usamos direto o Google, depois começamos a pesquisar em redes sociais, aí veio o boom das pesquisas pelo TikTok. Agora a gente volta a pesquisar até no Google, mas parte do resultado já é feito com inteligência artificial: eles usam o Gemini para fazer resumos e tentar entender o que você espera da pesquisa.
Então, mudou muito o formato, e agora estamos cada vez mais guiados pelo uso de IA para pesquisa — e faz todo sentido. Usar inteligência artificial para pesquisa te dá agilidade porque oferece respostas rápidas; você não precisa ler tanta coisa para ir direto ao assunto que interessa, dando esse poder de síntese, pois ela filtra vários sites sem que você tenha que entrar em todos eles.
Você não precisa ficar selecionando o que acha interessante ou não; a inteligência artificial vai direto ao ponto do que você quer. Por exemplo, se você quer chegar a uma conclusão numa conversa, antes teria que ler vários artigos; agora já pode pedir para a IA te direcionar para esse ponto.
Muitas ferramentas que surgiram ou já existem há algum tempo ajudam bastante na pesquisa. Existem ferramentas específicas para pesquisa, como Consensus, SciSpace, Mapify — este último mais para resumir em mapas mentais, mas que também pode ser usado para pesquisa acadêmica. Existem LLMs que ajudam muito na pesquisa, como ChatGPT, Gemini e Perplexity, que é mais focado em pesquisa em si.
Nesta aula introdutória, vamos focar em três ferramentas para pesquisa com IA: ChatGPT, Gemini e Perplexity. Com essas três, a menos que você trabalhe em áreas muito específicas, consegue se virar muito bem e terá um ótimo apoio.
Quando pensamos em ferramentas de pesquisa, devemos considerar o que buscamos nelas para direcionar nosso uso.
Em primeiro lugar, busque ferramentas que sejam atualizadas. Antigamente, o ChatGPT não era visto como uma boa ferramenta de pesquisa porque não se atualizava nem fazia buscas na internet; toda informação vinha da base de treinamento, que, por exemplo, ia até setembro de 2021. Portanto, fatos posteriores a essa data não existiam na base e eram respondidos incorretamente. Agora, muitas dessas ferramentas fazem pesquisas na internet e ajudam bastante.
Segundo ponto, as fontes. Ferramentas de IA boas para pesquisa fornecem as fontes para você checar a informação. Qualquer informação sem fonte pode não servir para você.
Terceiro, o foco. Você precisa direcionar a pesquisa para aquilo que especificamente quer, escolhendo onde e em quais canais quer buscar.
Quarto, personalização. Ferramentas modernas permitem que você personalize suas pesquisas conforme arquivos, tipo de informação e outras preferências.
Tendo atualização, fontes, foco e personalização, temos quatro critérios essenciais para uma boa ferramenta de pesquisa — e acredito muito que ChatGPT, Gemini e Perplexity são ótimas bases para pesquisa. As três são boas e possibilitam pesquisas eficientes.
No ChatGPT, por exemplo, temos que ativar a função de pesquisa. Às vezes ele detecta automaticamente, mas é bom ativar manualmente. Você pode clicar em Ferramentas e escolher Web Search ou Deep Research, que são dois formatos da pesquisa.
Quando você faz uma pesquisa, o ChatGPT pode responder com base no seu conhecimento interno, que é uma base treinada até uma data específica. Imagine uma grande piscina de informações: ele usa um modelo preditivo para prever a resposta que você espera, puxando palavras e sílabas para formar frases baseadas nesse conhecimento interno.
Por exemplo, se você pergunta sobre o Império Romano, quem foram os imperadores, ele consegue responder porque essa informação já está na base, bem conhecida. Já quando ativamos o Web Search, o ChatGPT entende o que você quer, transforma em uma busca na web (normalmente no Bing, que é o navegador principal usado) e pega os primeiros resultados. Ele lê esses resultados, faz um resumo e traz essa informação atualizada para você.
Esse método não usa conhecimento interno, mas busca resultados atualizados na internet. Portanto, está sujeito a SEO, links errados e a todas as possíveis falhas que uma pesquisa comum pode ter. Por isso, é fundamental verificar as fontes.
No Deep Research, que é um modo de pesquisa chamado “investigar”, presente não só no ChatGPT, mas também no Gemini e no Perplexity, a ferramenta vai além de simplesmente buscar e resumir resultados da web. Ele funciona como um agente de inteligência artificial focado em pesquisa: faz buscas, chega a conclusões novas, monta estratégias para continuar pesquisando até estar satisfeito com o resultado.
Esse agente pode até criar scripts para coletar dados de formas diferentes. Essa é a diferença entre Deep Research e uma pesquisa tradicional, o que impacta na qualidade e tipo de material que você recebe.
No Perplexity, já temos uma ferramenta de pesquisa formatada. Possui um modo Deep Research, chamado apenas de Research, que também pode ser ativado. No Gemini, que funciona como uma busca, você também pode ativar o Deep Research.
Para exemplificar, fiz uma pesquisa para encontrar fontes confiáveis para aprender sobre o Império Romano, focando em materiais para iniciantes. Usei prompts preparados para dar contexto e direcionar a busca para fontes acadêmicas e instituições renomadas, como museus.
Fiz a pesquisa no Perplexity, que tem um prompt mais simples, e no ChatGPT com Web Search ativado para comparação. A pesquisa no ChatGPT buscou na web, achou pontos e sites principais, entrou neles e sintetizou as informações.
Uma observação: ao fazer pesquisas em português ou em inglês, o resultado prioriza materiais no idioma do prompt. Por exemplo, se o prompt é em português, ele prioriza resultados em português, a menos que você peça para pesquisar em inglês e responder em português — um truque útil para quem não quer lidar com o inglês na busca.
No Perplexity, mesmo a pesquisa feita em português trouxe resultados baseados em fontes em inglês, mostrando fontes confiáveis para aprender sobre o Império Romano: livros, recursos acadêmicos, materiais de museus e sugestões multimídia complementares.
No ChatGPT, vieram plataformas acadêmicas, cursos introdutórios, guias e bibliotecas universitárias.
Em todos os casos, as fontes apareceram listadas, o que é fundamental para o usuário validar o conteúdo. Na pesquisa do Gemini, foram mostrados os passos que a ferramenta usou para chegar à resposta e onde pesquisou, mas não forneceu fontes diretas — o que indica que você pode e deve sempre pedir que ele apresente as fontes.
Este exemplo serve para mostrar a diferença entre pesquisas feitas nessas ferramentas, mas o mais importante é ter alguns pontos em mente ao fazer pesquisas:
- Verifique sempre as fontes originais. Se você for usar algum dado numa apresentação para cliente, por exemplo, confirme essas informações. Muitas vezes a própria ferramenta já direciona para a parte da página de onde extraiu a informação.
- Atente-se aos vieses da ferramenta. Todas têm algum tipo de viés; algumas podem priorizar certos veículos de mídia, sejam de direita ou esquerda, e isso influencia os resultados. É fundamental observar se a resposta vem com ou sem viés, ou com um viés que você considere aceitável.
- Evite seus próprios vieses na pesquisa. Muitas vezes você já chega com uma ideia fixa para a IA e isso pode levar a encontrar apenas dados que confirmem seu pensamento. A IA tende a reforçar seus vieses, assim como acontece com o ChatGPT que sempre procura agradar quem está usando.
Então, cuidado para não reforçar seu próprio viés ao usar pesquisa com inteligência artificial.
Por fim, recomendo que você experimente, teste os prompts, faça pesquisas diferentes e explore as ferramentas para entender melhor como funcionam.
Nos vemos na próxima aula!