Agora sim, sejam todos bem-vindos à nossa live de como é bom fazer pesquisas usando inteligência artificial.
Eu e o Paulo conversamos um pouco para preparar isso daqui; vai ser só a pontinha do iceberg das pesquisas, porque a inteligência artificial acaba ajudando muito a gente a pesquisar coisas, criar materiais e tudo mais. Pesquisadores do mundo todo já estão muito felizes com a criação da inteligência artificial por causa disso.
É muito interessante a mudança que a IA acaba causando. Nos últimos 20, 25 anos, sempre que falávamos em pesquisa, vinha um nome à mente: Google. Qualquer coisa que a gente quisesse pesquisar na internet, íamos no Google. Por isso, googlar virou um verbo.
Até os últimos anos, e após a onda das redes sociais, começamos a apelar para outras buscas que são mais efetivas que o Google, por diferentes motivos. Várias matérias já mostram como adolescentes usam o TikTok para fazer buscas. Eu, por exemplo, uso direto o X (antigo Twitter) para buscas específicas e também uso muito o Reddit para isso. Dependendo do que você está buscando, essas plataformas entregam resultados mais certeiros.
Por exemplo, uma reclamação comum sobre o Google é que, geralmente, toda busca leva você a um site muito bem ranqueado por SEO, mas que não resolve sua dúvida. Muitas vezes são sites com títulos como “Melhores chás para tomar no verão” e vários subtítulos que só funcionam por causa de algoritmos, e a internet acabou ficando meio viciada nisso.
Quando apelamos para outros meios, como o Reddit, temos opiniões de pessoas reais, ou ao menos esperamos que sejam reais, sobre a dúvida que temos. Hoje mesmo eu estava com dúvida sobre como arrumar meu aquecedor, e consegui resolver usando o Reddit, algo que não teria conseguido tão bem em outra plataforma.
Enfim, tudo isso para dizer que, apesar de usarmos outros recursos para pesquisa, vamos acabar entrando no mundo da inteligência artificial em todas elas. Isso pode significar o uso da IA embutida e integrada nos próprios mecanismos de pesquisa. Por exemplo, ontem tivemos um evento da Apple, e uma das novidades foi que celulares, Macs e iPads terão agora uma forma mais fácil e melhor de pesquisar as fotos do seu celular, usando IA. A IA está fazendo parte de uma grande revolução em termos de pesquisa, e é muito, muito útil.
Vamos ver que o Google estava pensando em cobrar para inserir IA em algumas buscas. O TikTok também vai usar IA para, por exemplo, transcrever vídeos e trazer resultados melhores; tudo isso está muito relacionado com o uso da linguagem natural para fazer essas pesquisas, para que o computador entenda o que esperamos a partir de uma linguagem natural.
Mas quando falamos em busca por IA, muita gente pensa “ok, vou abrir o ChatGPT e usá-lo como o Google”. Esse é o primeiro erro: ChatGPT não é Google. Não devemos usar o ChatGPT como Google, nem esperar que ele te dê respostas do mesmo jeito que o Google.
Algumas coisas são diferentes. Você pode até pensar em usar o ChatGPT para buscas, vamos falar um pouco mais adiante sobre isso, mas não do jeito que você imagina.
Uma coisa interessante para citar: como funciona uma busca no ChatGPT? Se eu abro o ChatGPT e quero fazer uma busca, por exemplo, sobre “o que Biden foi fazer na França na última semana”, estou usando uma linguagem natural para essa pesquisa.
O ChatGPT transforma seu pedido em uma busca específica, a faz no Bing, acessa sites do Bing e te apresenta um resumo do que encontrou nesses sites. Isso acontece porque muitos pensam que o ChatGPT sabe tudo, inclusive eventos ocorridos há pouco tempo, mas não é assim.
Ele tem um conhecimento geral, com base em tudo que foi treinado. Por exemplo, se eu perguntar “o que são esquilos?”, ele não está buscando essa resposta na internet, mas sim usando o conhecimento acumulado para me dar uma definição.
Já quando pergunto sobre Biden em um evento recente, ele tenta pegar a informação atualizada, fazendo uma busca no Bing.
Então, há uma diferença clara entre o conhecimento geral do ChatGPT e as informações novos baseadas em buscas.
Ele pega os primeiros resultados do Bing para o resumo, e é por isso que não devemos depender sempre do ChatGPT para tudo. Existem alternativas melhores.
Aí entra o que o Paulo irá apresentar: uma rinha de buscas. Para essa comparação, colocamos quatro competidores: o próprio Google, em respeito à senioridade, o ChatGPT, o Gemini e o Perplexity.
Paulo, manda aí, libera o microfone porque eu te calei com barulho.
Boa, galera. Há bastante tempo, como o Fui falou, eu me incomodo muito com como o Google ranqueia as coisas. Para mim, ele não é mais só uma ferramenta de busca, mas um local que reconhece quem tem o melhor SEO e quem está pagando pelos links patrocinados.
Naturamente, cairmos nesses lugares que nem sempre são confiáveis ou relevantes.
O Perplexity é uma grande alternativa.
Fiz dois testes aqui, vou compartilhar minha tela para mostrar como funciona.
O exercício é fazer uma busca simples: “Quais são as novidades mais impactantes anunciadas pela Apple ontem?”
Vocês devem ter visto o lançamento — se não, logo vai ter um vídeo no ar dando uma boa resumida.
Se eu fizer essa pesquisa no Google, ele me traz alguns sites. Fiz isso com um browser zerado, sem histórico, para evitar enviesamento. E ele trouxe sites confiáveis, como Paraíba (?), Terra, Exame, Canaltech. Mas você vai ter que ler a matéria inteira para responder sua pergunta, pois são resultados listados.
Agora, no Perplexity, que é totalmente gratuito (tem versão paga, mas eu uso a gratuita), ele tem uma interface simples com opções — por exemplo, você pode focar em resultados acadêmicos, ou usar o Wolfram Alpha para uma visão mais técnica, ou buscar vídeos do YouTube (que na minha opinião, é melhor do que a busca do próprio YouTube), ou entenda posts do Reddit, se quiser a perspectiva da comunidade.
Fiz a mesma pergunta em all (todos os conteúdos).
O diferencial do Perplexity é que ele não só mostra sites, mas interpreta o que você quer e entrega a resposta diretamente.
Ele mostrou as novidades da Apple: Apple Intelligence, integração com a Siri, novos recursos de calendário, criação de emojis personalizados, melhorias na escrita, transcrição de áudios, geração de imagens, etc.
Eu que acompanhei a live inteira posso dizer que isso está bastante preciso.
Outro ponto legal é ele mostrar as fontes de onde tirou a informação, dando possibilidade de checagem rápida. Se quiser, clica e tem acesso ao artigo completo no Canaltech, por exemplo.
Isso evita ficar refém de um único site e dá maior controle sobre a informação.
Na hora de conferir, você pode usar um “command F” para buscar termos específicos e checar se o resumo está correto.
Além disso, o Perplexity sugere perguntas relacionadas, como “O que é o J-Mod?”, “Quais são as falhas no Apple Vision?”, “Como a Apple Intelligence melhora a experiência do iPhone?”.
É bem inteligente nesse aspecto.
Comparando com o ChatGPT (aqui usando a versão gratuita do GPT-4), ele buscou em cinco sites — incluindo o Canaltech — e respondeu, mas achei mais fraco que o Perplexity em abrangência e velocidade.
No Gemini (ferramenta do Google, também gratuita), o resultado foi parecido com o ChatGPT, mas sem fontes no texto, o que diminui a confiança.
Outra ferramenta que uso muito é para busca de dados para apresentações, trabalhos e aulas.
Você imagina: uma pesquisa recente, com dados confiáveis para embasar ideias, um desk research acelerado.
O Perplexity, por exemplo, traz algumas matérias da Forbes, Golf Band, Spotify, Twitter, e agregações interessantes, tudo organizado e rápido.
Ele ajuda a encontrar números como “quase 40% da Geração Z no Brasil usa plataforma digital” ou dados relacionados a saúde mental, bem-estar, comportamento online, tudo com fontes confiáveis.
Isso ajuda muito em processos acadêmicos, projetos e defesa de teses.
E olha que isso foi em português! A busca em português tem funcionado muito bem. Ele traz pesquisas em inglês e traduz para português, o que adianta bastante o trabalho.
Se você tirar o “Brasil” do prompt, ele fica ainda mais rico, trazendo outras referências internacionais.
Você pode até retirar algumas fontes que não confia, para ver o impacto no resumo que ele gera, o que é uma funcionalidade bem útil.
Encontramos ali uma pesquisa de fevereiro deste ano, guia para a Geração Z, com muitos dados relevantes e difícil de achar no Google.
Também tem temas como influência de influenciadores, acessibilidade à internet e o impacto das redes sociais.
Esse tipo de resumo já é um ponto de partida muito bom.
É exatamente isso que chamamos de desk research, uma etapa em que o pesquisador junta informações confiáveis para trabalhar seu tema.
Já falamos disso: pesquisa em português ainda pode ser otimizada, mas então depende do seu objetivo.
Se fizer a mesma pesquisa no modo acadêmico do Perplexity, ele traz artigos científicos, por exemplo, falando sobre "Uso problemático da internet", riscos para a Geração Z, relação com solidão e satisfação de vida.
Apesar do tom mais “acadêmico” ser mais sério, isso é ótimo para quem está fazendo pesquisa profunda.
Ele trouxe ainda temas como “como a Geração Z usa o TikTok para construir identidade”, co-criação de memes e tendências.
Tudo isso com fontes, que é essencial para entrevistas, trabalhos e pesquisas confiáveis.
Inclusive, a filha da Mari Kriger tem usado o Perplexity para escrever artigos de mestrado por causa das fontes.
O Gemini, por sua vez, também traz fontes no resultado, mas tem problemas com links inválidos ou informações incorretas, o que causa confusões e perda de confiança.
Ele inclusive cria URLs que não existem — a chamada “alucinação” das IAs.
Foi um dos motivos que parei de usar o Gemini: um dado que ele disse ser da PwC, mas que no site da PwC não existia.
Ele trouxe muito resultado publicitário, oriundo de empresas privadas que usam SEO para ranquear.
Isso prejudica a confiabilidade.
Às vezes são dados inválidos ou removidos, por isso que recomendo usar outras ferramentas como o Perplexity para pesquisas.
Normalmente, o Perplexity apresenta cinco fontes nos resultados, limitando um pouco, mas isso é melhor que o Google, que é muito influenciado por SEO.
Essas ferramentas são complementares e mostram como cada uma vai funcionar melhor para demandas específicas.
Sobre o ChatGPT, é importante lembrar que ele muitas vezes transforma seu pedido em uma busca, faz essa busca e entrega um resumo dos resultados.
O Perplexity, porém, busca artigos mais completos e tenta transformá-los numa resposta estruturada. Cada ferramenta tem sua forma de treinamento e direcionamento, o que explica as diferenças. Acredito que o Perplexity vai crescer muito, especialmente após um investimento grande recente.
A versão Pro dele tem funcionalidades que permitem usar o ChatGPT dentro da plataforma, além da IA Claude, da Anthropic, que não está disponível diretamente no Brasil, mas pode ser acessada via Perplexity. Ele também permite upload de arquivos para realizar pesquisas, semelhantes às funções do ChatGPT.
Falando agora do futuro das pesquisas, acredito que elas serão muito mais direcionadas, específicas para resolver problemas que temos, mais personalizadas.
Ou seja, a IA vai entender com quem está falando, o que espera e até terá acesso aos seus arquivos, usando Google Drive, Dropbox e outras plataformas pra cruzar informações.
Isso muda radicalmente nossa forma de interação com informações.
Eu já uso um programa chamado Rewind, que grava tudo que faço no computador, para que, quando faço uma pergunta, ele busque rapidamente tudo que já vi.
Isso é uma personalização que tem tudo a ver com o futuro.
Além disso, o que a Apple anunciou ontem, de Siri mais inteligente integrada ao ChatGPT, é um exemplo dessa tendência de pesquisa instantânea, sem precisar abrir sites, apenas falando com a IA.
Acredito muito que o futuro da pesquisa com IA é ser mais frequente, personalizada, integrada ao seu dia a dia, colocando você como centro da pesquisa, seja no trabalho ou na vida pessoal.
Paulo, quer mandar umas palavrinhas finais sobre esse futuro das pesquisas?
100%, cara. O Reddit tem uma iniciativa de se integrar com as pesquisas, mesmo fazendo parceria com o Google, e é um botzinho do Perplexity. É uma rede que prioriza a encontrabilidade da informação, algo que nem toda rede social oferece.
A busca do TikTok é maravilhosa, porque acha coisas que não estão escritas, busca dentro dos vídeos, transcreve-os, o que a torna muito melhor que a do YouTube. Por isso muita gente hoje prefere buscar no TikTok por recomendações para sair, escolhas locais, etc.
Já no Instagram, a busca é péssima — impossível buscar conteúdo, só perfis — o que é bizarro. Eu mesmo vejo conteúdo no Instagram e depois busco no TikTok para encontrar de novo. Acredito que as redes sociais vão se tornar cada vez mais indexáveis, o que acho ótimo para pesquisa.
Seria interessante o Perplexity trazer, por exemplo, conteúdo de canais relevantes no YouTube, como o Marques Brownlee, que já comentou isso.
Exato. E como você mencionou o Reddit, é uma fonte que uso bastante; sempre que quero comprar algo, pesquiso no Reddit porque são opiniões da comunidade. Alguns sites usam IA para buscar reviews no Reddit — por exemplo, fones de ouvido — e entendem quais são os melhores para comprar.
Essa indexação em redes permite usar APIs ou GPTs para buscas específicas nessas bases, com outra lente, outro olhar. Tem muita coisa legal pra ser feita.
Temos dúvidas?
Do nosso lado, por enquanto, é isso.
Vou até parar a gravação para ficar tudo bem explicado.
Obrigado!